quarta-feira, 2 de maio de 2012

Do Brasil ao Alaska em uma motocicleta de 110cc

O Flávio Kenup (29 anos) - foto ao lado, me surpreendeu. Com todo respeito a todos os demais motociclistas, mas esse é muito especial. É único na sua categoria.
O motivo: Flávio Kenup saiu de Teresópolis/RJ e rodou até o Alasca, cruzando 14 países, milhares de cidades, mais de 57.000km, as 3 Américas (do Sul, Central e do Norte), sendo a ída pela costa do pacífico e a volta pela costa do Atlântico. Até ai, tudo bem (sic!).
O porém: ele fez isso pilotando uma moto Traxx Sky de 110cc. Repetindo, uma moto Traxx (marca nova no Brasil) de 110cc. Não foi de BMW, Suzuki V-Strom, KTM, Harley-Davidson, Hayabusa, Srad, R1 Yamaha, Cagiva ou Honda Goldwing. Foi com uma moto semelhante a Honda Biz, dessas que vemos motoboys pilotarem nas grandes cidades brasileiras e também utilizadas, principalmente no interior do país, por pessoas de todas as faixas etárias e sociais. Outro detalhe: Flávio foi e voltou pilotando sua 110cc, absolutamente sozinho.

Trajeto que Flávio Kenup realizou de Teresópolis até o Alasca, ida e volta.
Um motociclista desse, depois de tal mega realização (que é complicada, até para nós motociclistas estradeiros acreditarmos), deveria ganhar 3 estátuas feitas de mármore "dele montado na moto" com direito a placa de cobre relatando o feito e as 14 bandeirinhas dos países que ele cruzou. Uma para ser colocada na praça da Sé em São Paulo, outra na área térrea que existe antes de subir as escadas ou o elevador para ver o Cristo Redentor no Rio de Janeiro, e outra na praça do Papa, no nobre bairro das mangabeiras na capital mineira, Belo Horizonte. Até para quem não é motociclista, esse feito é incrível e faz a gente pensar a respeito. Chama à atenção de qualquer pessoa. E é um marco feito por um brasileiro.
Um recado para a empresa Traxx, marca da moto que o Flávio realizou essa viagem, anote ai: é quase absoluto que mais nenhum ser humano irá pilotar uma moto Traxx 110cc do Rio de Janeiro (Brasil) até o Alasca (EUA, estado americano isolado localizado logo acima do oeste do Canadá). E a Traxx, com planejamento e publicidade, só iria ganhar explorando comercialmente tal feito. Imagine a seguinte propaganda na Rede Globo (nos intervalos do seriado Malhação - horário que o público-alvo, que são os jovens, estão assistindo), a chamada; - você que pilota uma moto como essa (mostra-se a moto): sabia que a Traxx 110cc é a única da categoria a ter sido usada para se viajar do Rio de Janeiro até o Alasca??? E está aqui o motociclista que fez isso; ai aparece o Flávio Kenup. Pronto, tá dada a idéia, agora é com a Traxx. Quero minha comissão nos acréscimos das vendas.
Mas, deixemos os sonhos (porque estamos no Brasil) e a consultoria de publicidade e marketing para a Traxx de lado.
Para o Rock Riders, Flávio Kenup é uma personalidade do meio que atuamos. 
Conheço muitos motociclistas veteranos, pessoas que rodam em motos de altas cilindradas, mas que ainda não fizeram, nem de longe, o que o Flávio realizou. Tem que ser muito motociclista para fazer o que o Flávio fez e ter um espírito aventureiro e tanto. Se dedicar a todo um planejamento e organização, providenciar meses à disposição do projeto, e ter muita, mas muita determinação pessoal, além de ser um apaixonado por moto turismo. Fora a atitude, padrão no perfil dos entrevistados pelo Rock Riders.
Leia a entrevista e surpreenda-se ainda mais. 
Flávio, como tudo começou e porque fazer uma mega-viagem dessa, pilotando uma moto de baixa cilindrada?
Já tinha uma experiência anterior, realizada em 2005, quando fui para a Patâgônia (Argentina) pilotando uma Honda Biz. Gostei tanto de tal viagem que na ocasião já decidi em fazer outra para o Alasca. Gosto mesmo é de viajar e conhecer novos lugares. Não tenho grana para viajar de avião ou navio.
É totalmente diferente rodar com moto de baixa cilindrada. As pessoas nos recebem de outra maneira. Eu curto mais viajar de moto de baixa cilindrada, porque você é obrigado a rodar em baixa velocidade e vê mais as paisagens. É menos estressante para mim. No mais é preciso tomar muito cuidado ao se viajar com motos pequenas, porque elas são mais frágeis.
Como foi planejar uma viagem dessas, com mais de 57.000km?
Olha, é difícil se planejar tudo. Uns 80% da rota eu estudei e planejei. Mas no caminho a gente muda ou sofre desafios não esperados. Em meu planejamento refleti muito sobre o quesito "solidão" que passei nessa viagem, por ter ído sozinho.
Fiz junto com engenheiros da Traxx todo um estudo sobre a mecânica da moto, as manutenções que precisariam ser realizadas durante a viagem e as quais eu mesmo fiz.
Decidi também acampar o máximo (para redução de custos) e para ficar mais no clima da aventura, não sair do quente (hotel) e ir para o gelado, porque assim ficamos mais acostumados ao ambiente o que facilita a mantermos o ritmo da viagem e não adoecermos. Levei barraca de camping, saco de dormir e fogareiro.

Flávio saindo de Teresópolis/RJ.

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